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O fim do blogão.

Publicado: junho 18, 2013 em Contingência

The Funeral, com Band of Horses.

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A Tirania da Contingência continua aqui:

http://tiraniadacontingencia.com.br/

2012 em retrospecto…

Publicado: janeiro 13, 2013 em Contingência

ou

 

…tudo que caiu a um metro da minha cabeça, como um piano de cauda de meia tonelada despencando do quinto andar enquanto cruzava uma esquina silenciosa.

 

Há que se fazer um disclaimer, antes. Mesmo sem saber muito bem o significado dessa palavra, vou enfiá-la aí do mesmo jeito. Portanto, o disclaimer é o seguinte:

– não faço a menor ideia se tudo o que será apresentado aí abaixo realmente foi produzido em 2012. Não sei direito o nome dos caras que fizeram essas músicas, não sei o nome do estúdio em que gravaram e nem em qual garagem os desgraçados formaram a primeira banda deles. Para falar a verdade, não me lembro nem da cor da cueca que vesti hoje.

Cada vez mais, vou me afeiçoando a esse jeito de escrever, uma espécie estranha de registro, um relato contado pela metade, um foco distorcido, pensamentos perdidos de um sujeito se arrastando em um pântano enquanto escuta walkman. Apenas uma pista da realidade, em que se trata sobre o vestígio deixado por uma música no porão do nosso cérebro.

Esse registro não deixa de ser o escape mais rápido ao trabalho duro, a pesquisa de verdade, a pesquisa estruturada dos caras profissionais – tantos que se pode indicar, Lúcio Ribeiro, Thiago Ney, Álvaro Pereira Jr.

Sobra, então, espaço (pouco) para a pesquisa caótica: se pergunta no balcão da barraca de coco que reggae pancada é esse que está tocando, ou compartilha-se descobertas com os bandidos de sempre no canteiro de obras do escritúdio, notebook aberto, rum, gelo, coca zero e a chaleira árabe comendo solta.

A pesquisa caótica nos deixa desinformados. Não há sombra de um dado concreto para se passar à frente. Qualquer dia, alguém vai me apresentar um CD dos Beach Boys e falar que é a última novidade da Venezuela, e eu terei de aceitar, sem contestação.

Isso tudo porque não adianta muito fazer pesquisa estruturada. Já tentei, esqueço tudo.

Cada dia é uma nova batalha.

Começa com a laranja do café da manhã. Pego a faca, a laranja e fico parado, pensando, “minha Nossa, e agora?”.  A cachorra fica olhando a cena ali do chão da cozinha, tenho certeza que se ela pudesse falar seria algo assim:

– Que tipo de idiota come um raio de laranja todos os dias, há 30 anos, e ainda não aprendeu a descascá-la?

– A vida não está fácil para ninguém.

– Fique tranquilo, não contarei por aí.

– Obrigado. Aceita um pedaço?

Fim do disclaimer. Agora, janeiro já passando ao largo,vou tentar pegar a saída de emergência de 2012.

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exitsalida emergencia

The Temper Trap

 

Existe esse The Temper Trap. Pois é. Não vi o resto do material deles, mas só esse aqui já vale a visita. Se quiser, faça como eu, pode ficar rebobinando o clipe, e rebobinando e rebobinando, até essa mulher de patins entrar por um ouvido e sair pelo outro. Bom. Muito bom.

Parece que eles vão ao Lolla. Bom.

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Hot Chip

 

hot-chipsUm pouco de Hot Chip. Parece que eles vão ao Lolla também.

Essa música aqui é uma mistura de batida em latão de lixo com um baixo zoado que lembra o som  da trompa de um elefante. Um elefante dançando dubstep.

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Cat Power

 

Cat Power

Nossa musa de todos os tempos lançou um álbum em 2012. Dessa vez é verdade. Chama-se Sun. E tem uma música que tem 11 minutos. E o Iggy Pop canta. Não podia dar errado.

http://www.youtube.com/watch?v=x4OTnortXpc

Tudo o que ela faz soa como uma doce revolta. Acho que essa aqui já pintou por aqui. É de um álbum de cover dela. Ela diz que vai roubar um cavalo e sair por aí, sem rumo.

 

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Tulipa Ruiz

 

Conheci numa tarde de domingo. Na beira do lago. Ouvindo um amigo e seu coração quebrado. Mulheres, mulheres.

 

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Mumford & Sons

 

100%Lançaram álbum novo, no ano passado.

Esses caras aí, parceiro, é só dar play, sem medo. Não tem erro.

 

 

 

 

 

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EP

Música de academia é bem zoada. Até que é bom, às vezes. Mas frequentemente sou forçado a levar minha própria trilha sonora. É impressionante o poder que a música tem durante o exercício físico. A aceleração na corrida, a raiva na pegada.

Numa dessas, liguei o disco Dear Science, no Ipod, do Tvzão On The Radio. No conforto, deixo rodar da faixa 01 até a 06, no automático. É uma baita duma potência de som, meia hora de explosão, sensualidade e melancolia. E daí que pulava, sem pensar, a faixa 07, Red Dress.

Nesse dia, por preguiça de mudar de faixa, porque dá uma trabalheira tirar o Ipod do prendedor do braço, deixei rolar. 1040539-tv-on-the-radio-617-409

É o tipo de disco velho de uma banda favorita, que você já estabeleceu um acordo de confortabilidade, igual ir no restaurante de sempre e pedir o mesmo prato. Você sempre pede, por exemplo, filé a parmegiana, e de repente, escolhe um carpaccio de javali. Tipo isso.

Descobri nessa música, Red Dress, um carpaccio de javali. Dos pesados.

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O TV, é, seguramente, em última análise, uma das melhores bandas da década passada, e se tudo continuar na tendência, serão desta década também. Lembro do show do Lollapalooza, em SP, 2012. Na verdade, decidi ir no festival por causa deles mesmo. “Lembro” não é bem a palavra. É mais como uma bruma, lembranças de um carnaval lisérgico, duas horas de excitação para além de qualquer entendimento. Elétrons em movimento. Não dá para ficar estancado, sem pular e socar o ar o tempo todo.

Você simplesmente se pega tocando, com fúria espartana, uma bateria ao vento, pensando, CACETE, o que é que está acontecendo aqui? Não há tempo para tirar conclusões, você olha bem para aqueles barbudos tocando no telão, está tudo bem, no que depender deles, seguirão expandindo as fronteiras da música para além do que a visão pode enxergar.

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Eduardo Pastore

Cuarteto de Nos

Publicado: outubro 30, 2012 em Coletivo, Contingência
Tags:

Por Paulo Pastore

Muito massa, música e letra:

O Planeta Terra…

Publicado: outubro 30, 2012 em Contingência

…por Marina Arruda

Usando a liberdade artística a mim confiada, optei por não me ater às bandas, e sim ao conteúdo do festival: o público. Pessoas bonitas, interessantes, pacíficas e escandalosamente alternativas.  Uma sintonia boa de se ver, de se ouvir, de se jogar.

Todos e todas à vontade. Festa das cangas, dos beijos, dos gritos, dos amigos. Cumplicidade e devoção de mãos dadas, cantando junto com a galera.  Momentos que nenhuma reportagem consegue contar, nenhuma foto, captar, nenhum crítico, detonar.

Aos organizadores, meus cumprimentos. Preço justo, poucas filas, boa visualização.

Ás bandas, minha satisfação.

Aos companheiros de festival, minha gratidão.

…por Carlos Eduardo – Marisca

Carlos: cara o planeta terra foi muito bom

me: 1 min.
 Carlos: The Maccabees é tipo irado!!
(…)
me:de boa

  se lembrar de alguma música bacana aí, me fala
Carlos: pelican
 acho que é isso o nome…

…por mim mesmo

É isso aí Planetão. Não deu 2011. Não deu 2012.

Aguarde.

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Eduardo Pastore

Le grand collectif

Publicado: outubro 17, 2012 em Contingência

Apunhado de dicas quentes, dicas tortas e dicas delicadas de apreciadores de boa música. Demorou, mas saiu.

Muito obrigado Helô, Xandão, Janira e Elise (=

The Kooks

por Helô

Se vc ainda não escutou nas músicas originais deles, dá uma olhada em “naive” e em “she moves in her own way”. Essas são mais antigas, mas é que eles fizeram parte da minha trilha sonora em Londres, nos idos de 2006. Bom demais!

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Nas & Damian “Jr. Gong” Marley

por Xandão

lendo seu ultimo mail lembrei de uma música “do meu gosto” musical que acho que vai te lembrar de algo que gostou (samples vieram do que vc postou no seu blog!!!)

Abs

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My Blueberry Nights

por Janira

Olhando o blog rapidinho, vi trilha de filme e Norah Jones. Você conhece a trilha de My Blueberry Nights? Coloca lá no Tirania, é tão boa!

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Lucas Santtana

por Elise

oi. depois procura um artista chamado lucas santtana. acho que vc vai gostar do som dele. um amigo meu me recomendou essa semana.

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Aproveito para convidar a todos os leitores e leitoras a nos enviarem sugestões! Pode até levar uma volta completa do cometa Halley, mas a gente bota no blog.

Um beijo e um abraço,

Eduardo Pastore

E se…

Publicado: setembro 26, 2012 em Contingência

… a Tirania da Contingência fosse um blog de música quadradão?

Provavelmente, você encontraria o lançamento do novo álbum do Otto, chamado Moon 1111, e um texto cheio das referências que o músico utilizou para fazer o álbum, como por exemplo o filme “Farenheit 451”, de François Truffaut, filme baseado na obra de Ray Bradbury.

Eu já li o livro, já vi o filme, são realmente infernais, deixam você com a cabeça pirada por um bom tempo. Mas como a Tirania não é um blog quadradão, você provavelmente não lerá algo assim por aqui, principalmente porque não temos uma metodologia para falar o quer que seja em termos musicais. Nosso único compromisso é não ter compromisso com estruturas, um verdadeiro horror mercadológico. Nós NÃO temos uma visão de futuro.

Como assim, vocês não tem um planejamento? Rapaz, faça o seguinte, sente-se aí e peça uma água de coco.

Mas não é por que não temos planejamento que nós não tenhamos que atualizar o blog. A Marina Arruda, frequente colaboradora, veio reclamar: porra Vaca, esse boteco vive às moscas. Toma jeito, rapá. Claro que ela não usou essas palavras, mas meu filtro particular entendeu isso. E ela está certa.

Bom, as coisas andam um pouco atribuladas para ficarmos lançando posts o tempo todo. Foi então que tive uma ideia brilhante, correndo no clube ao som de LCD Soundsystem. Fazer um post GIGANTE, daí o leitor poderá gastar toda a paciência em um só post. Enfim, o leitor e a leitora ficarão indignados, eu sei. Vivemos em uma época efêmera, espelho das timelines do Twitter e do Facebook. Ninguém aguenta passar mais de três minutos num blog, portanto, nos exigirão: “largue de ser um maldito editor preguiçoso”. Afinal, posts não poderiam passar de 800 palavras.

Diante de tal argumento, eu faço votos de paz: sem violência leitor. Você simplesmente pode voltar quantas vezes quiser ao blog, e ler aos poucos o post gigante. O post gigante já tem até nome. Vai se chamar COMPRA DO MÊS. De volta aos dias de inflação.

Vir ao blog para ler um post grandalhão pode exigir umas três visitas, de acordo com o tédio respectivo. Vai ser bom até, acho que o WordPress contará mais acessos. Não entendo bem como o WordPress funciona. Nada é claro na minha relação com o WordPress. Somos como garçom e cliente de balcão de bar. Nos vemos toda semana, dizemos piadas, e no meio da noite vamos para o estacionamento trocar uns socos. Normalmente, quem vai à lona sou eu mesmo.

Compra do mês

The Moon 1111

Começando pelo próprio Otto, já que falamos nele.

Otto, provavelmente é um dos sujeitos mais malucos que eu já vi ao vivo. Era pleno Carnaval, nós ali em Recife antigo, no palco do almirante, sobe o Otto no palco e começa a cantar aquela música do “ela é do tempo do Bob”, e a platéia inteira cantando a letra aos urros, uma devoção ao nível dos frequentadores dos shows do Chiclete com Banana.

Mas a loucura dele não era bem a música, que por si só já é bem estranha, mas a desenvoltura com que o barbudo dançava, vestindo um blusão grosso, sob uma noite amena de 38 ºC.

Pensei na hora que o sujeito ia torrar os miolos. Eu tenho um blusão igual, e posso afirmar que é o mesmo que vestir um processador Philips de fritar batata sem óleo.

Minha previsão estava certa:

http://www.youtube.com/watch?v=nKyUV2U0lo4&feature=related

Lana Del Rey – The Paradise Editon

A ruiva dos sonhos e dos lábios siliconados re-lançou ontem ou anteontem ou que diferença faz seu álbum debutante, com músicas novas. Qualquer coisa que ela fizer, nós lhes avisaremos. Podem dormir tranquilos. E além de tudo, ela ainda faz música boa.

Fazendo Justiça ao Alabama Shakes

De alguma maneira, esses caras deram tão certo que largaram os empregos originais para ficar viajando por aí.

Eles são bons de verdade. Mereciam um retorno à Tirania. A vocalista, que usa esses óculos bastante engraçados, a vocalista não canta, ela dispara trovões.

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Obrigado por chegar até aqui.

Sinceramente,

Eduardo Pastore

Canções para uma garota quebrada

Publicado: setembro 16, 2012 em Contingência

Essa garota, essa Sharon Van Etten, tomou um belo pé no traseiro do noivo, ficou meio pirada e resolveu gravar músicas. Li na RS, parece que ela ia tocar uma música num programa de TV, deu um branco e ela ficou lá dedilhando o violão, a letra não veio. Ela bateu a cabeça no microfone e soltou um “fuck”. 

Bem, esse tipo de desajuste costuma dar certo com um violão e uma morena triste de voz doce.

 

 

 

 

 

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Eduardo Pastore

The XX

Publicado: setembro 12, 2012 em Contingência

Por Cláudio Miccieli Jr

Muleque… Escuta isso… O Album X deles não consigo parar de escutar… Me sinto um inútil e desinformado em não saber desses caras antes..

Na Estrada?

Publicado: agosto 19, 2012 em Contingência


Algo sai do lugar, na sua cabeça, quando você lê “On The Road – Pé na Estrada”. Em especial, se você é um moleque sem um tostão no bolso, louco por independência.

Ficamos entorpecidos com a prosa desesperada de Jack Kerouac, sem ponto e sem parágrafo, sobre as viagens de Sal Paradise e o doido “HIP HIP HIP” Dean Moriarty, repletas de sexo, bebida, drogas e jazz, e eles se dão mal e depois se dão bem e depois se dão mal de novo e se preparam para fazer mais uma viagem num trem ou na boleia de um caminhão ou sentados nos bancos de um grande tubarão cinza cruzando a América a 120 milhas por hora.

Todo esse torpor nos leva a crer que aquela é a resposta aos nossos anseios, apesar de seus percalços intrínsecos. Em algum momento, Kerouac, cansado de tanto apanhar do mundo inóspito, mas seguindo otimista, fala assim:

– Essa estrada ainda vai me mostrar suas pérolas.

Jack e os beatniks, todavia, não foram os paladinos da liberdade que eles mesmos imaginavam, nos conta o blog máquina de escrever. O próprio autor morou com sua mãe até o fim, a quem recorria quando as coisas apertavam de verdade, e quem sempre lhe esperava de portas abertas enquanto o filho consumia “quantidades industriais” de drogas e bebidas.

Saber um pouco da realidade ao fundo da história ajuda a desmistificar minha ilusão juvenil: se eles tiveram culhões para fazer o que fizeram, por que eu não posso ter?

Desilusão à parte, não posso negar que senti um arrepio quando os créditos do filme de Walter Salles começaram a subir, enquanto ao fundo tocava a canção do jovem errante. Assistir ao longa-metragem foi um doce retorno às páginas de “On the Road”.

Ainda que não consiga descrever racionalmente a sensação, foi possível lembrar a mesma inquietação de querer chutar os planos da vida adulta para o espaço, sair pela porta e não olhar para trás.

O furor, no entanto, durou tanto quanto uma noite de frenesi qualquer. Na manhã seguinte, a adrenalina não passava de uma ressaca.

A distância entre eu e aquele moleque que leu o livro há 10 anos, ao menos, me permite entender uma coisa: “On the Road” vai muito além de aguçar a curiosidade pela aventura.

Kerouac e sua prosa espontânea deslocam a responsabilidade de um jovem leitor. Colocamos em xeque o destino traçado pela sociedade e defrontamo-nos com o medo de largar o porto seguro, para descobrir o mundo com nossos pés.

Mais profundo que o desejo de ter o trilho como lar, é a vontade de começar a escrever desesperadamente, a exemplo do beat, achando que sua missão na Terra é preencher páginas em branco. Uma tentativa de não se render a um percurso pré-determinado, e traduzir aquilo que você veio dizer em um relato de liberdade.

Então, de repente uma década se passou. Se por um lado, nos vemos resignados ao tempo, com contas a pagar e empregos a tocar, por outro, a responsabilidade nos ensina a duvidar sobre qual o sentido de sair correndo por aí, sem rumo, atrás de mulheres, bebidas e vertigem.

Não seria apenas uma tentativa de preencher o vazio abissal de nossos dias? Ou valeria a pena trocar a segurança por intensos momentos, ainda que efêmeros?

Não há vitória nesta decisão.

De resto, seja qual for o caminho escolhido, sempre há a hipótese de se narrar a própria história. E vendo ao filme de Salles, ou lendo o livro de Kerouac, lembramos que cair na estrada ainda é uma ótima maneira de encher de tinta a caneta de um escritor.

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Eduardo Pastore