Arquivo de dezembro, 2012

Música de academia é bem zoada. Até que é bom, às vezes. Mas frequentemente sou forçado a levar minha própria trilha sonora. É impressionante o poder que a música tem durante o exercício físico. A aceleração na corrida, a raiva na pegada.

Numa dessas, liguei o disco Dear Science, no Ipod, do Tvzão On The Radio. No conforto, deixo rodar da faixa 01 até a 06, no automático. É uma baita duma potência de som, meia hora de explosão, sensualidade e melancolia. E daí que pulava, sem pensar, a faixa 07, Red Dress.

Nesse dia, por preguiça de mudar de faixa, porque dá uma trabalheira tirar o Ipod do prendedor do braço, deixei rolar. 1040539-tv-on-the-radio-617-409

É o tipo de disco velho de uma banda favorita, que você já estabeleceu um acordo de confortabilidade, igual ir no restaurante de sempre e pedir o mesmo prato. Você sempre pede, por exemplo, filé a parmegiana, e de repente, escolhe um carpaccio de javali. Tipo isso.

Descobri nessa música, Red Dress, um carpaccio de javali. Dos pesados.

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O TV, é, seguramente, em última análise, uma das melhores bandas da década passada, e se tudo continuar na tendência, serão desta década também. Lembro do show do Lollapalooza, em SP, 2012. Na verdade, decidi ir no festival por causa deles mesmo. “Lembro” não é bem a palavra. É mais como uma bruma, lembranças de um carnaval lisérgico, duas horas de excitação para além de qualquer entendimento. Elétrons em movimento. Não dá para ficar estancado, sem pular e socar o ar o tempo todo.

Você simplesmente se pega tocando, com fúria espartana, uma bateria ao vento, pensando, CACETE, o que é que está acontecendo aqui? Não há tempo para tirar conclusões, você olha bem para aqueles barbudos tocando no telão, está tudo bem, no que depender deles, seguirão expandindo as fronteiras da música para além do que a visão pode enxergar.

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Eduardo Pastore