Você não pode ter tudo. Essa é exatamente a mensagem que o White Sensation NÃO lhe passa. Você vai lá, e fica de branco com todo mundo de branco, e descobre que sim, você pode ter e fazer o que quiser. Ao menos naquelas curtas horas brancas, você vira um deus de si mesmo. E todos viram deuses, de modo que a noite corre como um grande congresso de deuses de si mesmos.
Voltando ao que interessa, e na verdade, nada interessa quando você está no Sensation. Problemas, trabalho, cotidiano, tudo permanece congelado, em preto e branco, em alguma dimensão paralela, enquanto uma dimensão colorida e agitada dá vida ao galpão do Anhembi. O teto aluminado separa dois mundos opostos. Quando você sair de lá, a vida se aprochega de novo, e o que restará são ecos inundando a mente, encostada na poltrona de avião, em frenesi por causa de tanta luz.
E o frenesi de luzes é só metade. A outra metade é o som, que sai do topo da pirâmide azteca. Os xamãs do house mandam: put your hands up, in the air. E um mar de mãozinhas fluorescentes ondula, nervoso e em fúria. Ondas de seis metros contra paredões rochosos.
House. O house não é só um estilo. O house é uma casa dos loucos e dos santos. Não há regras de etiqueta na sala de estar dessa casa, o dancing floor. Há liberdade. Há braços para o alto. E há sorrisos dos vagabundos iluminados de uma noite sem lembranças.
É tudo tão rápido e a mil por hora. Vale o desgaste da agitação em troca de delírio mágico por tão pouco tempo? Não sei.
Mas quando é a nossa vida senão em um dia e em uma noite? Se nascemos e morremos a cada 24 horas, por que não transformar a maior parte dos nossos dias em momentos sagrados? E no sagrado, nós podemos tudo.
Apesar da Adri não conseguir se lembrar… subimos no cume da pirâmide azteca. Era massa lá de cima, dava pra ver aquele mar de pessoinhas brancas com luvinhas coloridas. As 5 da manha o troço ainda tava lotado cara. Eu achei massa!!
E foi ao som dessa música, Marisca?